Fabio Santiago: Mangaba Celestial

É transe transa transatlântico, me chama a brisa do mar, na rua do Sol, a cada passo renasço.

O Poeta Jorge de Lima, nascido em União dos Palmares, escreveu, “Tudo aquilo que entra pelos meus olhos deslumbrados de menino, nunca mais sairá de dentro de mim”.

Na feira do trilho, adolescente que era, em busca de um disco de rock, me perco.

Em Paripueira perdi o fôlego, memórias em retalhos.

É transe transa transatlântico, Maceió me chama.

A sombra andarilha, veste o sol para esta peleja de palavras. Versidões.

Consegue ouvir o som do triângulo, sanfona, azabumba e a distorção do pedal da guitarra ruidosa?

Do nascimento ao cabra de Lampião, da rua Rodrigo Alves até ir embora nas asas de um avião.

Saí de lá pequeninho, tenho o que me contam.

Na adolescência retornei.

É transe transa transatlântico.

Com o velho Graça na cabeça padeço de angústia, na vida seca.

Estando aqui, mais que vivo, encantam-me seus cantos, cidade sereia, rabo de peixe, bela mulher.

No Bar do Pato em Marechal Deodoro, no Massagueirinha da Jatiúca, sorvete da Bali, Mangaba celestial. O que resta das lembranças do Bar das Ostras?

Gogó da Ema virou praça, entortou o esqueleto do coqueiro e o meu também.

Mutum-de-Alagoas, Mutum-do-Nordeste, ave símbolo do estado.

Escrevo amiúde, raciocínios circulares.

Maceió é transe transa transatlântico, é chama, me chama a brisa do mar.

O Nordeste paz e amor salvou e ainda salvará esta nação do obscurantismo.

Conheço o meu lugar, Belchior, talvez hoje mais que antes.

Quem se importa?

Caminho pela orla da cidade sereia e nela a vida parece embalar os sentidos, nada escapa. A estátua do Lêdo Ivo, me encontra neste passeio. Poeta nascido em Maceió, seus versos invadem esta meada, “Minha pátria é a terra mole e peganhenta onde nasci e o vento que sopra em Maceió./ São os caranguejos que correm na lama dos mangues/ e o oceano cujas ondas continuam molhando os meus pés quando sonho.”

O sobrado dos meus avós ainda sobrevive ao tempo, faces na imensidão da memória, vívidos e inesquecíveis.

A crônica andarilha vestida de sol, no coco, na rede e na praça.

Quero mais é ver brilhar a pele, o mar verde-claro e azul-turquesa.

Horizontes celestes.

Pletora!

É transe transa transatlântico, Maceió me chama, é chama, brisa do mar.

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