Naquele verão dourado em que eu e Jasmine fomos eternos, possivelmente o último verão que tivemos o luxo da inocência, apesar de terna idade nossos destinos já tinham sido marcados por sórdidas inconstâncias, hoje penso que essa foi justamente a razão de nossa relação ter se dado de forma tão pulsante, nossas cicatrizes se reconheceram e, de uma maneira ou de outra, encontraram acalento entre si. Certa vez, na penumbra de seu quarto, ela me perguntou:
– Você crê que pessoas como nós tenham um futuro?
Ao que respondi de prontidão:
– Bom minha querida, isso eu não sei… Certamente tivemos um passado.
Não fazia nem meia década que passara pela puberdade e agora encontrava-me caminhando pelas ensolaradas e pacatas ruas do parque São Domingos, um agradável bairro da zona norte paulistana, acompanhado por essa bela e pitoresca estrangeira.
Certo dia, disse que a amava, ao que ela respondeu “você mal me conhece.” Em sua língua materna. Disse que a amava pelo fato de estar plenamente convencido que sim, sua beleza anglo-saxã, manerismos muito bem representados pelo cinema de sua terra natal e tendências marginais tiveram um grande apelo em meu volátil e jovem coração.
Jasmine, olhando em retrospectiva percebo que foste a grande fatalidade de minha inocência, tão bruta ainda assim tão frágil, depois de ti não tive outra escolha a não ser me tornar velho.
