Lo Campomizzi: Gula

Depois de um dia de viagem, chegamos esfomeados no restaurante em Sevilha, onde podia-se comer à vontade. Mas, já na entrada, a andaluza com cara de brava avisou: “Sólo no puede quedarse en el plato, hã? Ahí, me pongo muy mala.” Ou qualquer coisa assim. Esfomeada, minha namorada encheu o prato. Foi internacional. Espetada de carne, pastas, tagine, cassoulet. E também prestigiou a gastronomia local. Gambas, huevas, pincho moruno, chipirones… Tudo. Depois, olhou para a espanhola brava.

– A espanhola não tira o olho de mim.

– Também…

Acabei minha comida. Me dediquei à Cruz Campo. E ela, com o prato pela metade, suada, constatou:

– Eu não vou dar conta de comer…

– Você exagerou, né?

– Me ajuda.

– Caralho. Não vou comer essa porra. Tá cheio de peixe o seu prato, você sabe que eu não gosto de peixe.

– Por favor. A andaluza vai me matar.

– Tá bem… Me dá essa coxa do frango, vai…

– Toma. É peru.

– E considere isso uma prova de amor.

– Prova de amor mesmo seria se você levasse o parmegiana também…

– Aí, não. Aí você está querendo demais.

– E o amor?

– Só amor não paga isso. Vai me dar o cu?

– Te dou o que quiser se sumir com esses boquerones daí.

– É peixe.

– É cu.

– Manda.

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