
Precisamos passar, abra os caminhos, assim começo esta semana.
Ela me contou que ouviu um barulho de metal caindo, lembrou disso quando estava passeando com a sua mãe, no calçadão, e ao chegar na entrada da loja de roupas, percebeu que a medalhinha não estava mais na pulseira em seu pulso. Obstinada refez o trajeto, na calçada brilhava a prata com São Jorge em seu cavalo.
Acordei cantarolando, “Cavaleiro de Jorge”, estou mais para o cavaleiro da triste figura e sem o Rocinante. Cavaleiro andante, também sou andarilho lutando contra moinhos de vento.
Conta-me o amigo que, enquanto movia a carcaça para outras bandas, percebeu movimentos estranhos ao redor. Havia uma possibilidade de encrenca na próxima esquina, disfarçou, retornou. “Ogum é um guerreiro valente, que cuida da gente, que sofre demais”, neste sincretismo, vestido com as roupas e armas de Jorge, conseguiu escapar.
Tenho no Santo total confiança, “Eu estou feliz por que eu também sou da sua companhia”, com esta trilha vou seguindo, nesta crônica devota.
São tantas canções que o celebram.
Carrego no peito e na carteira a medalhinha de São Jorge, sempre que a coisa aperta, sei que sua proteção está comigo.
Poderia até virar Corinthiano, salve Sócrates, Casagrande, Biro-Biro…! Salve a democracia Corinthiana e o Santo Padroeiro, São Jorge!
Sou, desde pequeno, tricolor das laranjeiras, o primeiro time que torci na vida, Fluminense. Depois vieram outros, com paixão proporcional. Faz tempo que não acompanho futebol, com a devida atenção.
Dou de ombros, toco a bola e sigo, também vivo no mundo da lua.
Muitas pessoas foram agraciadas pelo Santo, é o que leio nas páginas abertas que debruçado me inspiro.
Abre caminho, Santo Guerreiro, é o que lhe peço, intimamente.
Da grande janela de vidro, no café, onde me encontro, observo pessoas apressadas, muitas vestidas com a roupa e o escudo dele, você também consegue enxergar?
O Santo cuidadoso, São Jorge, está comigo.
Vou levando, sempre em sua companhia.
Que fiz eu destas memórias caudalosas que remontam a infância?
Saudades de meus pais.
Salve São Jorge!

