Fabio Santiago: Quem me guia

Névoa pálida, insiste em descer feito cortina. Esconde o que pensava não haver mistério.

Pianola tocada por ninguém, grita quimeras. A chaleira ferve.

A poesia é quem me guia.

Não estou interessado em muita coisa, meu caminho é enviesado, resido em bordas e sombras.

Assim tento me livrar das jogadas e também das roubadas. O mundo que me interessa possui olhos livres.

Borram as margens. Este ano vai dar rio.

O ano da graça de 2013, deu. Estivemos por lá, recebidos pelo padrinho Guilherme Tristão. Ipanema, Copacabana, Corcovado, Pão de Açucar, Lapa, Niterói e tudo mais. Ah, o Beco das Garrafas. Bebi pensando em Vinícius de Moraes.

A inesquecível pizzaria, La Fiorentina, no Leme. Em 2017, serviu de locação e possivelmente inspiração, para o programa de tv, Saideira, que passava no Canal Brasil.

Binho Maturano estava entre Santa Tereza e a zona norte. Não conseguimos encontrá-lo, vivia em uma escultura.

Cachorros na praça a comer os restos desarmoniosos de um homem de palha. Torres magricelas perfiladas, pessoas em contraluz.

Na borra de café, despenteadas paisagens, feito esta crônica que não se viu no espelho.

Conversas cortadas, palavras avoadas, pássaros de mármore e  joelho dolorido.

Acordo pensando nisso, do tempo da meninice e adolescência, quando ficava em meu quarto, lendo, assistindo, ouvindo e escrevendo. Meus pais tiveram a manha de entender qual era a minha.

Na fase adulta, continuei na escrita, meu segredo, refúgio e vício. Um dia deu sorte, nela me joguei.

Neste caminho, a poesia é minha guia até o ponto final.

Comentários de 2

  1. No Rio
    e em qualquer lugar do planeta,
    a poesia é a sua guia…

    Parabéns, Fabio!!
    Gosto demais das suas crônicas!!

    1. Carol, doce amiga. Que delicia de mensagem. Você é demais. Obrigado pelas leituras, grande honra. Beijos em você e no Bernardo. Um brinde.

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