Fabio Santiago: Por estas bandas

Fica logo ali, é o que informa a senhora com cabelos brancos feito espuma do mar, vestida em florido tecido.

Logo ali, aponto o dedo indicador e observo-a menear a cabeça.

Fico aqui parado, ela estranha a minha inércia e vai.

Caminha lentamente para o lado oposto, gostei dela.

Ligo o alerta, pisco as quatro.

Foco em pensar se vou embora ou estaciono.

Largo o carro no estacionamento, os joelhos doem enquanto os passos ganham terreno.

Cansado paro no meio do caminho, preciso marcar um médico.

Falo com a garota que ao meu lado estaciona o seu corpo.

Lembro que assisti a sua peça no festival de teatro.

Finjo estar com tontura para não dizer que na verdade estou fora de forma.

Calmamente sorri e pergunta se estou bem.

Larga-me com delicadeza após constatar que não corro perigo.

Foi bacana este encontro inusitado, ela foi simpática.

Leio o luminoso na fachada, será que é disso que preciso?

Claramente avisto uma pessoa vestida de tubarão, a fantasia parece esquentar bastante.

Flagro novamente a minha obsessão por barbatanas.

Louca figura, abocanha os transeuntes que tentam se esquivar

Faço de conta que não vi, viro o rosto.

Lá longe encontro o que realmente vim procurar.

Calado suspiro, estará aberta neste sábado à tarde?

Fiz disso um jogo de sorte ou azar.

Levo comigo um relógio na algibeira e um monóculo na vista.

Fogo nas ventas do senhor que parece não ter gostado de minha cara.

Cavo meu bunker e nele me escondo.

Luminosa viatura em velocidade alta.

Fez do sujeito uma peneira, pude assistir daqui.

Lasso retorno sem conseguir chegar.

Caminhei muito além do que deveria.

Fica longe algaravia ?

Lamento informar que o senhor está equivocado.

Fermentado este moço de fala movediça.

Consulte antes o dicionário.

Francamente, achava que era cidade ou país.

Liguei o carro, pisquei a seta e sumi.

Fazia tempo que não andava por estas bandas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *