Crônicas na Ria: 18×0, por Lo Campomizzi

O pior time de futebol de sempre foi o da Comunicação Social que disputou os Jogos Universitários de Juiz de Fora no ano de 1982. Nas décadas de 1970 e 1980, estas disputas entre os cursos movimentavam a cidade. Apesar dos gigantes Engenharia e Medicina brigarem pelas medalhas e o título de campeão, os outros cursos, como a Comunicação, também se mobilizavam para participar da grande festa do esporte da cidade. Para montar o time de futebol de campo, representantes do D.A. Vladimir Herzog saíram inscrevendo, ou melhor, catando todo mundo que encontravam pelos corredores. Entre eles, um negão enorme, bolsista, porto-riquenho, ou haitiano, lutador de boxe em seu país, com quase dois metros de altura que, mesmo sem nunca ter chutado uma bola, foi convocado para a zaga. No dia de estreia, não compareceram os onze necessários e um baixinho, tipo intelectual, que estava ali para torcer, não teve dúvidas: já que também estava inscrito, trocou de roupa, tirou os óculos e, de sapato marrom sola lisa e meia social, se posicionou na ponta direita. No belo campo da Educação Física, íamos enfrentar os garotos do Colégio Técnico Universitário, o CTU, de 16 a 18 anos de idade, no auge da sua forma física. Todos de chuteira, eles esbanjavam força já no aquecimento dando saltos altíssimos e com fome de bola na cara. Nós, com apenas oito jogadores em campo, alguns de ressaca, não fizemos bonito. Não conseguíamos trocar três passes antes de perder a bola e tomar mais um gol. Resultado… Dezoito a zero! Nove em cada tempo. O pugilista caribenho não deixou barato e, só pênalti, foram quatro. O último, marcado depois de um jab de esquerda nocautear o atacante deles. O nosso ponta direita míope sequer acertou a bola, além de inutilizar seu sapato social marrom. Catimba, enrolação, reclamação, simulação, no final já valia qualquer coisa para fazer o tempo passar e diminuir a metralhada que levávamos no paredão inclemente da competição. Saímos cabisbaixos, mas ainda havia mais um jogo na primeira fase e estávamos ávidos de recuperação. Dito e feito. Com onze jogadores, no gramado do campo do Colégio Granbery, perdemos apenas de 7 a 1, sim, 7 a 1, do Instituto Candido Tostes, fato que comemoramos como uma vitória.

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