Crônica: Oliveira, por Maurício Régis

Oliveira bem que tinha dito que a flor de laranjeira só cairia com a força do último vento. A flor que estava naquele galho tão alto mesmo, então seria muito difícil alguém com um metro e quarenta e oito pegá-la. Mas, por qual motivo tiraria isso, meu Deus!? – Replicou dona Jurema com a mão no queixo. A terceira pessoa antes indagada por aquilo, confirmou sem pensar que a flor poderia servir, sim, de chá para banhar um dos olhos do pintor. Ele, pois, achou que não daria em nada e lixou o muro da casa de seu Osmarzinho. Porém, sequer usou a devida proteção ocular a fim de que a poeira não invadisse por completo a íris e irritasse assim o olho esquerdo. Passou-se assim uma  semana e meia e o espelho ocular dele irritadíssimo, com uma vermelhidão tal como brasa. Muitas foram as interrogações sobre as quais surgiram acerca do olho esquerdo inflamado e há de falar alguém  que, certamente, faz lembrar uma conjuntivite alérgica. Agonizado por tamanha fofoca à vista, o Oliveira foi até o sítio onde o pintor ainda residia na função de caseiro, logo pegava a roçadeira com a disposição gigante de cortar a grama alta. Depois de feita aquela bonança, juntariam as folhagens sob a areia umedecida do orvalho que havia em instantes descidos. Puxando também de bom humor o ancinho verde limão o que já teria cortado. Observa-se disso, uma bela atitude fraternal de Oliveira, posto que evitou dar motivos insensatos para aquela fofoca que surgiu intencionalmente fora de hora, mas preferiu mesmo foi agir e deixar o senhor pintor sem a ajuda que tanto enfim precisava. O olho pioraria, demorava para enxergar com maior precisão. E esta situação o incomodou pelo motivo de que não permitisse raciocinar, olhar para o horizonte com ambos os olhos abertos, de modo que apenas repousar era a recomendação dada pelo oftalmologista consultado por ele mesmo. Ansiava, sobretudo, por um repouso prolongado.

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