
Mal sabia que nas esquinas fedorentas do centro da cidade, uma joaninha trajada de vermelho e preto pousara no dedinho da moça, dedo de moça é pimenta, alerta-me um pensamento brisante. Retorno a cena, a joaninha pousou no dedo de que moça? O que ela estava fazendo naquela esquina com odor desagradável?
Possivelmente de passagem, indo ao seu destino neste trajeto.
Ao que parece, ideias navegantes resolvem causar turbulência neste voo.
Se ao menos estivesse voando, seria o sinal que as férias chegaram, tempo de descansar.
Lar do sol, a franjinha dela brilha.
Leminski e Dalton, em seus encontros, do que falavam? Há relatos dos autores nas Livrarias da cidade.
Se esta moça, a da esquina, fosse a polaquinha, vampirizada por um e tragada pelo outro?
Há livros que nos procuram, outros que encontramos.
Às vezes me perco e voo
Às vezes não me encontro mais
Há personagens que assolam o pensamento e sempre retornam, Dean Moryati, Henri Chinaski, Arturo Bandini, Harry Haller…Zaratustra!
Vultos que vem e vão.
Lembrei neste instante da Andréa Beltrão, Radical Chic, dos quadrinhos, em Rock Estrela, também da Zelda Scott, na série Armação ilimitada.
Das atrizes brasileiras, ela continua fixada na vultuosa memória.
Redemoinhos, estou sempre dentro deles.
Os cachorros merecem o céu, as joaninhas também merecem!
Devo retornar a esquina, onde a moça de calça jeans e camiseta justa, está diante de um pequeno inseto em seu dedo indicador, este caminha até o dorso da mão.
Não há motivo para que permaneça no mistério da moça e a joaninha!
O que diria a Zelda?
Antes de retornar a tal esquina, tenho a impressão que as duas devem estar longe, uma voando e a outra caminhando.
Mal sabia que ao dobrar aquela esquina, a engraçadinha de Nelson Rodrigues, passaria por mim, não virei o rosto para observar a sua retaguarda, segui em frente, fugi de seus encantos.
Estava na hora de submergir, fechei os olhos, tranquei a respiração, sobrou apenas o silêncio da esquina malcheirosa em um dia de junho.
